"Garganta profunda" era o codinome do informante dos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein no escândalo de Watergate durante o governo de Richard Nixon.
Salvatore Mancuso é o "garganta profunda" da vez na Colômbia.
Um dos principais líderes da Autodefesas Unidas de Colombia (AUC), Mancuso falou por oito horas com a consultora internacional Natalia Springer, colunista do periódico Un Pasquín. A repercussão atingiu outros veículos do país, como a revista La Semana.
Durante a entrevista, Mancuso fez várias revelações que comprometem a administração Uribe. Veja algumas delas:
- Durante as negociações de desmobilização, a situação dos sequestrados, dos assassinados, dos feridos, dos doentes, dos desaparecidos e dos prisioneiros foi completamente negligenciada tanto pelo governo quanto pelas lideranças da AUC. Era como se eles não existissem.
- Segundo Mancuso, a AUC operava com o auxílio de muitos voluntários civis, na proporção de dois civis para cada combatente. A pergunta que fica é: qual o real impacto da desmobilização, uma vez que dois terços dos envolvidos nos combates não participaram do processo de pacificação?
- Todas as companhias de frutas (as chamadas "bananeras") pagavam uma espécie de pedágio para os paramilitares.
- O então presidente da Federación Nacional de Comerciantes (Fenalco), Sabas Pretelt, visitou as lideranças da AUC para demonstrar apoio à ação do grupo.
- Bancos facilitavam a lavagem de dinheiro de narcotraficantes.
- Em alguns casos, os paramilitares realizavam ações conjuntas com as Forças Armadas.
Detido em uma penitenciária de segurança máxima, Mancuso diz ter medo de morrer. É fácil de entender o porquê.
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